L (-) Arte


Ontem esteve a Lua mais redonda e quente que me recordo de ter visto. 
E hoje o calor abraçava-nos de uma maneira que é difícil pensar que noutras partes do planeta há guerra e tremores de terra.
Mas aqui a Professora Raquel Henriques da Silva despede-se, daquela que é a última edição da L+Arte, com optimismo. Eu sei que é preciso fugir do "chorinho" português, mas é mais forte do que eu. Como é que é possível que em Portugal não haja mercado para existir uma (não se trata de uma dúzia, como é o caso da nossa vizinha Espanha) revista sobre arte. Eu estava convencida que a L+Arte tinha conseguido o seu cantinho no mundo da imprensa portuguesa. Shame on me! Uma revista que tentou ser isenta, contemporânea, crítica q.b., actual, rigorosa, etc. O que é que se pode pensar de um país cujo desprezo pela arte, é tão notório, "a começar no desprezo dos governantes que tendem a ignorar as opiniões dos especialistas e cujos orçamentos roçam a indignidade"?

Será que só temos mercado para revistas cujos os textos não ultrapassem as três linhas? 

Enquanto dormimos (ou não)









Na Av. Fontes Pereira de Melo. Estes graffitis fazem parte do projecto Crono, que consiste numa parceria com a Câmara Municipal de Lisboa numa tentativa de revitalizar os prédios velhos. Estes feitos em Junho de 2010 tiveram a mão de artistas internacionais: os writers Gemeos (Brasil), Blu (Itália) e Sam3 (Espanha).


Mise-en-scéne

Conhecemos a artista no seu atelier na Place des Vosges em Paris, há uns anos atrás. Foi uma descoberta tão boa, não foi Marta? A artista dizia-nos que ainda não se tinha rendido às novas tecnologias e ter o trabalho dela exposto num site (ainda) não lhe fazia sentido. Mas agora já tem!

Déborah Choc vem do universo do teatro e por isso as suas telas são cenários onde ela abraça a cor, a narrativa, o diálogo, a poesia, a filosofia e a psicanálise (que ela estudou longamente). As suas pinturas apelam a tantas linguagens diferentes e por vezes díspares. Por um lado a força colocada toda no pincel em jogos de cor abstractos quase intervencionistas e depois as frases lapidares, quase líricas, a acalmarem a raiva do pincel: "nous allons changer le monde" (como se dissesse bem-vindos à minha casa). Joyeuse?





Ainda na Baixa,

He's everywhere I go...

 

Em Oeiras... não foi fácil fotografar este:








Eu ia jurar que estes não estavam lá ontem...
(perto de Algés)


Diamonds are a girl's best friend?


No MUDE os diamantes foram substituidos por 500 espécies diferentes de sementes. Os cofres fortes do antigo BNU - Banco Nacional Ultramarino, estão abertos ao público e acolhem agora um bem vivo de toda a Humanidade, um valor capital do qual depende a nossa sobrevivência: as sementes.

"Sementes: Valor Capital" em exibição até 20 de Março.



As casas de Manuel Amado

Quarto Interior, 1993
Óleo sobre Tela
Para ver no CAM - Fundação Calouste Gulbenkian, até 27 de Março, na exposição "Casa Comum".


Ou então, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, "Encenações" até 15 de Março. Nesta última achei a obra do artista num registo diferente: ao realismo que estamos habituados acrescem figuras recortadas, num toque surrealista. 

O recreio
2009
Óleo sobre tela
114 x 146 cm
O oasis
2010
Óleo sobre tela
65 x 81 cm


Na cavalariça
2009
Óleo sobre tela
81 x 100 cm
A orla da mata
2010
Óleo sobre tela
65 x 100 cm
Outras pinturas a lembrar Edward Hopper (cujo contacto com a pintura deste artista viria, em 1987, a causar-lhe uma forte impressão). Gosto tanto deste tipo de pintura. É como se tivesse espaços em aberto à espera de serem preenchidos, à mercê de cada um. Será que a arte tem mesmo que ser explicada? Catalogada?