A METAMORFOSE

Sou da opinião que as pessoas passam na vida por situações de metamorfose. Umas adormecem lagartas e acordam borboletas e voam voam. Outras adormecem e quando acordam são monstruosos insectos (como diria Kafka sobre o seu Gregor Samsa).

Se no princípio o que nos preocupa é a modificação física, mais tarde serão os estados de espírito e até sentimentais que mais estarão à prova.

Para mim se tivesse que escolher um pintor que descrevesse melhor a metamorfose eu escolheria num "fechar de olhos" a Paula Rego.

Como diria Agustina - "Paula pinta para não se comprometer com ela própria. Para dar uma linguagem a tudo o que não tem palavras. As palavras não se inventaram senão para pequenos acontecimentos, a morte, o alimento, o amor. Mas para além disto há os grandes acontecimentos, tem de haver. Paula Rego sabe muito bem que não lhe interessam os pequenos acontecimentos, ser menina, depois de mulher casada, viver numa casa em Portugal ou em Londres, falar português ou inglês. O que não é pequeno acontecimento é a metamorfose".


"Avestruzes dançarinas"

Paula Rego recebeu, no passado dia 11 de Fevereiro, o seu primeiro doutouramento honoris causa, na Universidade de Lisboa. Dizia a Pintora: "Hoje não é preciso esconder-me debaixo da mesa para fazer as coisas às escondidas porque tenho um atelier».

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